2011.07.09 Passeio Martítimo de Algés, Oeiras, Portugal
Posted: Tue May 17, 2011 8:38 am
the Jane's Addiction resource
https://forums.janesaddiction.org:443/
http://radiocomercial.clix.pt/musica/body.aspx?id=48192Alive: grandes Jane's Addiction
Os Jane's Addiction acabam de dar um concerto à parte, sem dúvida um dos melhores desta edição do Optimus Alive! que está a terminar. Em 70 minutos, Perry Farrell foi o actor principal de um espectáculo com uma consistência acima do normal num ambiente de festival de rock.
A banda, como é evidente, não podia passar ao lado da sua história: isto é, os dois álbuns históricos que fizeram que nunca mais se esquecesse o nome dos Jane's Addiction, falamos de "Nothing's Shocking" e "Ritual de lo Habitual" na viragem dos anos 80 com os 90. Por aí passaram algumas das músicas deste concerto - Mountain Song logo a abrir, Had a Dad, Three Days, o gingão Been Caught Stealing, Stop! (acompanhado por uma chuva de papelinhos), Ocean Size (com uma introdução menos electrificada que parece de uma guitarra com água dentro) e, no encore acústico, Jane Says.
Dave Navarro, o mestre da guitarra que tem a descoberto o seu peito tatuado e bem musculado, parece ter todas as soluções no seu instrumento... Tudo o que a música dos Jane's Addiction pedir. O baixo pesadão e o bombardeiro que está naquela bateria de Stephen Perkins completam aquela estrutura sonora de rock vertiginoso.
Perry Farrell, o principal disto tudo, porta-se como uma estrela glam repescada para um sonoridade pré-grunge por aquelas três companhias instrumentistas. Com um guarda-roupa excêntrico, ele é o puto traquinas que representa o papel de um prostitutinheiro que flirta com as duas balarinas de lingerie de serviço, enquanto bebe uma garrafa de vinho do gargalo. Teatraliza o seu lado provocador e mete-se, num português desenvergonhadamente espanholado, com uma das meninas da frente com um «bonita». A acrescentar ao carisma de potencial estrela de cinema rebelde ao estilo de Sean Penn, Farrell é um invulgar cantor com os seus gritos musicados de longo alcance e um performer deslumbrado que dá voltas sobre si próprio enquanto dança em passo de engatatão. Não há dois Perry Farrells no mundo, só um. E é essa personalidade que contribui para a imortalidade da banda.
Todo aquele palco é, aliás, o cenário do pecado. Os Jane's Addiction representam as más companhias que as nossas mães não gostariam que tivéssemos, com o auxílio das duas bailarinas muito eróticas que, desde que apareceram em palco suspensas no ar e a dançar, nunca mais pararam de adicionar aquele elemento hardcore, como comprovam cenas subsequentes de mimos sexuais lésbicos e de danças ousadas ao estilo de strip-tease com duas varetas.
Antes, no Palco Super Bock, os Diabo na Cruz não acusaram de todo a chamada à última da hora, e espalharam a efervescência de um novo Portugal musical. Foram a versão indie dos Gaiteiros de Lisboa, com batidas das duas baterias situadas numa linha invisível entre o punk e o folclore. Foram justamente aclamados, com muita gente a saber de cor algumas das suas canções. Merecido.
Gonçalo Palma
Foto: Nuno Fontinha